Você curte livros como 1984, de George Orwell, ou filmes como Jogos Vorazes? Então certamente você é um apaixonado por distopias, um gênero literário que se originou de um conceito filosófico, sabia? As distopias são histórias em que o mundo retratado e as situações vividas pelas personagens são opostas àquelas encontradas nas utopias – que, por sua vez, mostram um mundo perfeito. Por isso, em uma distopia, prepare-se para se encontrar uma situação complicada, um governo geralmente autoritário, que oprime a sociedade e fará de tudo para continuar no poder.
E sabe por que, na minha opinião, nós amamos as distopias? Porque elas nos mostram um mundo futurista que pode não estar muito distante. E mais, que nós acreditamos poder existir um dia! Aí nos perguntamos: e se isso realmente acontecesse?
É nesse ponto que acontece a magia presente numa história distópica: mergulhamos no enredo, e facilmente nos colocamos no lugar dos personagens. Tem coisa mais deliciosa do que se envolver com um livro ou filme nesse ponto? Sofremos, nos revoltamos, torcemos para que haja uma saída, e dessa forma o (ou a) protagonista acabe com aquele regime ditatorial e alcance a liberdade.
Então, se você é um amante dessas histórias tanto quanto eu, confira essa lista com as melhores distopias para ler e assistir em 2023. Algumas são clássicas e foram produzidas há décadas (mas continuam super atuais), outras são bem recentes e merecem que você as conheça!
Distopias clássicas que todo mundo precisa conhecer
Admirável Mundo Novo (1932), de Aldous Huxley
Imagine um mundo em que as pessoas são produzidas em laboratórios, e pré-determinadas a viver em uma das castas da sociedade em função de suas características biológicas. É exatamente isso o que acontece nesse romance de Huxley, que em breve fará 100 anos de vida (e parece ter sido escrito ontem!).
Nessa sociedade a gravidez virou antiquada, e as pessoas não verbalizam palavras como “mãe”, “pai”, ou Deus (que horror!). Esse é um mundo totalmente dominado pela ciência, em que a psicologia é usada para manter a harmonia entre as camadas sociais. E expressões artísticas, como a música, a literatura e o cinema devem ser utilizadas apenas para manter o sentimento de conformismo das pessoas.
Mas… Um homem chamado Bernard Marx descobre que há uma reserva natural onde os homens mantêm os costumes “antigos”, e decide conhecer o local. Ele tentará levar um desses “primitivos” para a sociedade em que vivia, o que não será fácil.
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1984 (escrito em 1949), de George Orwell
Este é o último livro de George Orweel (que também escreveu outra distopia famosa: A Revolução dos Bichos), lançado pouco antes de sua morte por tuberculose, e tido como um dos romances mais importantes do século 20.
Em 1984 conhecemos a história de Winston, que trabalha com a falsificação de registros históricos do governo, Mas ele não está satisfeito com o regime que o rodeia, uma ditadura disfarçada de democracia. O Estado, representado pelo Partido e por seu líder, O Grande Irmão, controla tudo o que acontece na sociedade – e uma primeira visão desse mundo nos é dada pelas câmeras que tudo observam. Pois é, como se todos vivessem num “Big Brother”, em que todos os seus atos são devassados pelos governantes.
Um dos conceitos mais interessantes apresentados pelo livro é a manipulação de uma sociedade por instrumentos como a “Novafala”, um idioma fictício que modifica o significado das palavras, de acordo com os desejos de quem está no poder. Assim, a linguagem seria uma forma de controlar a sociedade.
O que esperar do livro: um protagonista que tenta se opor a uma ditadura, um romance e descrições de um mundo que não está tão longe assim do que alguns governantes atuais acreditam ser o mundo ideal.
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Fahrenheit 451 (1953), de Ray Bradbury
Se você está nesse post agora, tenho certeza de que gosta de livros, certo? Agora pensa num mundo em que os livros são proibidos, porque o governo quer acabar com a instrução da população. Afinal, uma sociedade sem educação é também mais fácil de controlar, certo?
Por outro lado, no mundo criado Bradbury, a disponibilidade da TV é máxima. As pessoas são bombardeadas em suas casas e em locais públicos por programas feitos pelos governantes, e que visam controlar toda a informação que o povo recebe.
Assim como o personagem principal de 1984, o protagonista de Fahrenheit também trabalha na rede desenvolvida para manter o poder da ditadura. Ele é um bombeiro que tem como atividade destruir os livros, mas se revolta contra o sistema e tenta encontrar uma saída.
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Distopias juvenis imperdíveis
A Seleção (2012), de Kiera Cass
Essa é uma distopia juvenil que gira em torno de um concurso, em que 35 jovens competem para se tornar a noiva do príncipe de Illea. O país foi formado após a Quarta Guerra Mundial das Américas, e sua sociedade é dividida em castas, como em outras histórias distópicas.
Em A Seleção conhecemos a jovem America Singer, que nunca teve pretensões de se tornar uma princesa. Aliás, isso é tudo o que ela NÃO quer, já que participar do concurso significa deixar para trás sua casa, sua família, e o garoto de quem gosta. Só que o destino coloca a garota como uma das concorrentes, e tudo muda quando ela conhece o príncipe.
Leitura gostosa, que flui fácil, e que já conquistou milhões de pessoas ao redor do mundo. Se você curtir, aproveite para ler as sequências: os livros A elite, A escolha, A herdeira e A coroa.
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A Rainha Vermelha (2015), de Victoria Aveyard
Essa é, na verdade, uma mistura de distopia e fantasia ! Em A Rainha Vermelha temos a protagonista Mare, uma garota pobre da casta de sangue vermelho, que acaba se aproximando da casta prateada, que tem poderes sobrenaturais.
Entretanto, a garota descobre que, apesar de sua origem, ela tem o poder da eletricidade. Isso coloca em cheque a divisão daquela sociedade, que é ditada justamente pelos poderes que apenas os prateados deveriam ter.
Para proteger o sistema, cria-se em torno de Mare então uma farsa, e assim a garota se envolve com a realeza da casta prata. Mas a protagonista não esquece sua origem, e passa a se rebelar contra as desigualdades chefiadas pela terrível Rainha.
Depois do sucesso do primeiro livro, a história completa é contada ao longo de mais três livros e quatro contos: Espada de vidro, A Prisão do Rei, Tempestade de Guerra, Trono Destruído, Canção da Rainha, Cicatrizes de Aço e Coroa Cruel.
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Distopias recentes na literatura
O Conto da Aia (1985), de Margaret Atwood
Que livro perturbador, especialmente para as mulheres! Se você ainda não leu, leia O Conto da Aia hoje mesmo! A história de Offred se passa em Gilead, um estado totalitário que se localiza na área que um dia foi os Estados Unidos da América. Nesse futuro, no qual o aumento da infertilidade é um problema para a sociedade, o grupo que se mantém no poder divide as mulheres em camadas: as esposas, as marthas (funcionárias domésticas nas casas), as salvadoras (ou “educadoras”, que devem catequizar as outras castas) e as aias.
Offred (nome que você entende significar “of Fred”, ou seja, de Fred), já se chamou June. Ela se lembra de um passado onde teve um marido e uma filha, mas passa a ser uma aia, cuja única missão é prover um filho ao comandante ao qual foi destinada. As cenas que descrevem o relacionamento entre ela e seu “quase dono”, a inveja que cresce na esposa infértil do comandante, a revolta sem esperança que cresce na protagonista são de revirar o estômago.
Foi um dos livros que mais me impactou até hoje, e que também está disponível na versão audio visual na série The Handmaid’s Tale, disponível na Globo Play.
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Jogos Vorazes (2008), de Suzanne Collins
Como não amar essa distopia juvenil, que conta a história da heroína Katniss Everdeen? Trata-se da trilogia de livros, que deu origem ao filmes protagonizados pela atriz Jennifer Lawrence. No primeiro volume a garota do distrito 12, o mais pobre de todos eles, se candidata a um jogo mortal para substituir sua irmã mais nova, que foi sorteada para o massacre.
A história se passa num futuro pós-guerra, em que a sociedade de um país chamado Panem é dividida em doze distritos, organizados em torno de uma rica capital. Para manter a estrutura criada e as pessoas sobre controle, o governo inventou, 75 anos antes do momento em que começa o primeiro livro, os Jogos Vorazes – evento que reúne 24 crianças e adolescentes, 2 de cada distrito, para lutarem numa arena tecnológica até que sobre apenas um.
E por que essa história é tão interessante? Além de expor as crueldades desse regime opressor, a autora nos traz uma protagonista forte e ao mesmo tempo sensível. Não tem como não se emocionar com sua relação com a pequena Rue, uma menininha que vira sua aliada durante o jogo. E, claro, torcemos também por seu romance com Peeta, o filho do padeiro que é apaixonado por Katniss, e seu adversário ao mesmo tempo.
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A Cantiga dos Pássaros e das Serpentes (2022), de Suzanne Collins
Recentemente foi lançado o livro que antecederia Jogos Vorazes no tempo (ou seja seu prelúdio), e que conta a história do presidente Snow, o grande vilão da trilogia inicial. A Cantiga dos Pássaros e das Serpentes mostra como o jovem Coriolanus Snow, então com 18 anos de idade, prepara-se para a grande chance de sua vida: a de se tornar mentor dos Jogos.
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Distopias marcantes do cinema
Matrix
Das distopias citadas nesse post, essa é certamente uma das minhas favoritas! Lembro direitinho da primeira vez que assisti ao filme: foi como se uma explosão tivesse acontecido dentro da minha cabeça!
Já adianto que há spoiler a partir daqui: na história, descobrimos que a raça humana é mantida em casulos no futuro, como baterias que alimentam os governantes daquela era: as máquinas. E para mantê-los ali é criada uma realidade virtual, em que todos têm uma vida como a que todos nós temos agora.
Será que isso já aconteceu e tudo o que você acha que já viveu era apenas uma ilusão? Será que você está aqui nesse momento, ou seu corpo também está em um casulo, enquanto sua mente passeia nesse universo arquitetado pelas máquinas?
Planeta dos Macacos
A novidade nessa distopia é que o futuro não pertence à raça humano – ele é dominado pelos macacos!
A primeira série de filmes, lançada em 1968, foi um tremendo sucesso. O primeiro deles se passa no futuro, quando astronautas chegam a um planeta dominado pelos chimpanzés e onde a raça humana é uma sociedade primitiva. A grande revelação acontece no final, quando o grupo encontra a Estátua da Liberdade caída, e concluem que aquele planeta é, na verdade, a Terra.
Seguiu-se então um longo período em que a história ficou esquecida, até que em 2001 ela foi recontada por Tim Burton. O filme não fez muito sucesso, mas foi o empurrão para a retomada da franquia. Em 2011, foi lançado o filme Planeta dos Macacos, A Origem, que é formidável! Ele se passa nos dias atuais, e conta como a evolução dos símios. Desde então foram lançados mais dois filmes: O Confronto (2014) e A Guerra (2017).
Veja abaixo o trailer de Planeta dos Macacos, A Origem, clicando na imagem: