De todas as despedidas que estou me preparando para fazer com o crescimento da minha filha, uma das que sei que será doída é a dos brinquedos. Hoje, fazendo uma arrumação aqui em casa, notei algumas caixas enormes de brinquedos que não são abertas há um bom tempo. E pensei: “pois é, está acabando…”.
Nossos filhos crescem e os brinquedos se vão. Sabemos como é, aconteceu a mesma coisa conosco. As brincadeiras vão ficando mais raras, o encontro com os amigos já não envolve bonecas, carrinhos, bichos de pelúcia. E num piscar de olhos, eles ficam encostados, sendo substituídos por bolsas, maquiagens, roupas descoladas. Não consigo deixar de pensar em Toy Story, no menino que cresceu e que não brinca mais com o cowboy e com seu astronauta favorito… E sinto tanto que isso também acontecerá com a minha filha.
Acho que a gente tem dificuldade de se despedir dos brinquedos deles justamente porque já passamos por isso e sabemos o que vem pela frente: o fim da infância, o início da adolescência, quando as coisas começam a complicar até que chegamos à vida adulta. Sabemos que a pressa de crescer nessa fase é grande, mas quando finalmente acontece olhamos para trás e sentimos uma saudade danada do tempo em que a maior preocupação do dia era a perda do sapatinho da princesa, ou a roda do carrinho que quebrou.
Hoje, cada vez que minha filha ainda pega uma boneca, eu sinto um quentinho no coração. Sinto que a pureza, a magia da infância ainda não a deixaram. E me pergunto: como faço para que ela leve isso para sempre dentro dela? Como faço para que ela carregue em sua bagagem a leveza, a alegria com as pequenas coisas, a capacidade de criar histórias lindas em cada dia que começa?
Sinceramente eu não sei a resposta, senão compartilharia aqui com vocês. Então por enquanto só vou preparando meu coraçãozinho de mãe para a despedida. E quando chegar a hora, vou pedir a minha filha: brinca de Barbie comigo uma última vez?