Eu não sei se já aconteceu na sua casa, mas eu acredito que sim: de um dia para o outro, seu filho descobre que as marcas existem. E adivinha? Ele também quer ter as coisas “de marca” que os amigos dele têm.
Aqui já aconteceu: depois de uma infância em que Catarina nunca tinha prestado atenção nisso, começaram a surgir os papos sobre a marca da mochila que as amiguinhas usam, o tipo de celular que cada uma tem, e por aí vai. Fiquei atenta, esperando o dia em que ela pediria para ter esses ítens – até que esse dia chegou.

“Sabe, mãe, a minha lancheira já está velha. Será que não dá para comprar uma nova? Ah, todas as minhas amigas têm da marca X”. Detalhe: a lancheira realmente tem dois anos, mas foi comprada às vésperas da pandemia. Por isso praticamente ficou encostada em casa esse tempo todo.
Olhei para a lancheira pensativa. De um lado, eu sabia que o cisne rosa e prata brilhante, que era lindo para uma menina de 9 anos (idade que Cacá tinha quando comprei), já não combinava com uma pré-adolescente. De outro, avaliava se valia a pena gastar três vezes mais na lancheira da marca importada que ela queria do que em uma semelhante nacional. O quanto era importante para a minha filha ter o que todas as amigas tinham? Será que fazia parte do “ser aceito” pelo grupo, que tanto se fala na adolescência?
Minha primeira reação foi pensar que eu não daria de jeito nenhum. Afinal, minha filha tinha que ser “independente dessa coisa de marca”. Mas, queridas amigas, eu sou aquele tipo de mãe que pensa 25 horas por dia. Geminiana, sabe? Então eu sempre discuto as minhas próprias ideias, e me permito mudar de ideia (se for o caso).
Sendo bem sincera com vocês, lembrei que eu também tenho as minhas marcas de preferência. Tanto aquelas que compro no supermercado como as das roupas ou sapatos que costumo usar. E se eu consumia produtos de algumas marcas específicas de vez em quando, será que minha filha também não poderia ter suas preferências?
Um parênteses importante: claro que eu não acho que minha filha precisa ter aos 11 anos as mesmas marcas e produtos que eu tenho. Se uso o celular para trabalhar, é muito mais razoável que eu tenha um modelo mais caro do que ela, que usa para falar com as amigas. Também não estou falando de coisas muito mais caras do que a realidade financeira da família – se fosse algo que eu não pudesse comprar, minha filha simplesmente ouviria um sonoro não.
Mas enfim, dar ou não dar a lancheira de marca? Eu poderia apenas comprar ou negar, mas resolvi fazer diferente: “olha filha, essa marca aí que você quer é cara. Mas eu posso te dar essa outra, ou te dar o valor que eu gastaria na outra (que eu acho um valor justo por um bom produto). Então você complementa com o seu dinheiro (ela tem uma quantia guardada que ganha de presente nos aniversários e outras datas). E aí, quer mesmo essa lancheira?”.
Cacá fez as contas: gastaria metade do que tem guardado. Resolveu pensar mais um pouquinho. Eu achei ótimo, porque sei que ela está percebendo que a questão não é ter ou não a marca – é se realmente o produto vale o que custa. E que, se decidir ter, vai cuidar bem, porque sabe o quanto lhe custou.
E você, como lida com o assunto aí na sua casa? Me conta?