A história de João e Maria é uma fábula muito antiga, passada de geração para geração por vários séculos. Apesar de ter um começo triste e momentos tensos, ela traz muitos aprendizados para as crianças, como a importância da união para vencer os momentos difíceis e de não acreditar em pessoas que não se conhece bem.
O final feliz, que se deve à esperteza dos irmãos João e Maria, é outra grande lição da história, que você pode conhecer logo abaixo.
A história de João e Maria
Há muito tempo, perto de uma floresta, morava um lenhador, seus dois filhos, que se chamavam João e Maria, e sua segunda esposa, que era madrastra das crianças. Eles viviam numa cabana simples, feita de troncos de madeira, porque não tinham dinheiro.
A vida era difícil para aquela família, e ficou ainda mais. Não havia comida suficiente, e eles passavam fome. Foi quando a madrasta, que era muito astuta, mas também muito malvada, pensou num plano para se livrar das crianças. Assim seriam duas bocas a menos para comer naquela casa.
Todos os dias seu marido lamentava a falta de dinheiro e a falta de alimentos:
— O que acontecerá conosco? Assim morreremos de fome!
— Há uma forma de resolver o problema, meu marido. Amanhã vamos levar João e Maria à floresta, e os deixaremos lá. Eles não conseguirão voltar para a casa, e teremos comida para nós dois aqui.
O lenhador disse que não faria uma coisa tão cruel com seus filhos. Mas a mulher, que era muito insistente, dizia:
— Então você prefere que nós quatro morramos de fome? Se eles ficarem, é isso o que acontecerá.
O homem, já desesperado, acabou concordando.
— Então amanhã daremos um pedaço de pão à João e Maria e os levaremos para a floresta a madrasta falou. Abandonaremos os dois lá e não olharemos para trás.
Mas João e Maria, que estavam no quarto com a porta entreaberta, ouviram o plano da madrasta. Maria começou a chorar, e perguntou ao irmão:
— E agora, o que faremos? Vamos morrer de fome na floresta, ou seremos pegos por algum animal selvagem. Nunca mais voltaremos para casa!
— Calma, Maria, eu tenho uma ideia. Tudo ficará bem.
Naquela noite, depois que o lenhador e a madrasta dormiram, João saiu de casa e pegou algumas pedrinhas brancas brilhantes que encontrou ali perto. Então voltou para seu quarto e as guardou num saquinho.
Quando amanheceu, o lenhador e a madrasta levaram as crianças para a floresta, como haviam combinado. Durante todo o trajeto, João deixou as pedrinhas caírem no chão, marcando o caminho que tinham feito até a clareira, onde os pais os deixaram.
— Fiquem aqui descansando, enquanto cortamos lenha — disse a madrasta. — Logo mais voltaremos para pegá-los.
As crianças obedeceram e ficaram ali esperando. Chegaram a cochilar, e quando acordaram, estava quase anoitecendo. Foi quando eles perceberam que o pai não iria retornar, e João contou a Maria que eles deveriam seguir o rastro das pedrinhas para conseguir voltar para casa. E foi o que eles fizeram.
Quando chegaram em casa, João e Maria foram recebidos pelo pai, que ficou feliz com a volta dos filhos. Mas a madrasta ficou furiosa, e ainda mais determinada a se livrar dos dois.
— Amanhã levaremos as crianças de novo para a floresta, e as deixaremos ainda mais longe — ela falou para o marido.
João e Maria também ouviram dessa vez. Mas quando o garoto tentou abrir a porta para pegar pedrinhas, depois que a casa ficou silenciosa, percebeu que a madrasta tinha trancado as crianças no quarto! Os irmãos adormeceram preocupados, mas com a esperança que dariam um jeito de achar novamente o caminho de volta.
Amanheceu e logo a madrasta acordou as crianças, dando-lhes um pão velho para comer. Junto com o lenhador, tomaram o rumo da floresta. Eles andaram muito mais tempo, até terem certeza de que os irmãos não saberiam voltar para casa. Mas João tinha jogado migalhas do pão por todo o caminho, fazendo uma trilha que poderia seguir no fim do dia.
De novo a madrasta disse que eles deveriam esperar ali, até que eles voltassem. E, claro, isso não aconteceu. Só que dessa vez, quando João tentou seguir o rastro para voltar para casa, percebeu que as migalhas tinham sumido! Os passarinhos tinham encontrado os pedaços de pão, e comeram tudo!
Os dois irmãos estavam cansados e com muita fome. Então decidiram caminhar, para tentar achar comida. Andaram, andaram e andaram, até que avistaram ao longe uma casinha muito bonita. E o melhor: ela era feita de doces!
As paredes da casa eram feitas de biscoitos, doces e chocolates. As crianças ficaram maravilhadas, e correram para pegar alguns pedaços. Então uma senhora bem velhinha apareceu, e os convidou para entrar:
— Crianças, vocês parecem famintas! Entrem, tem muitos outros doces gostosos aqui dentro!
João e Maria entraram, sem desconfiar que, na verdade, aquela senhora era uma bruxa! A velhinha preparou um jantar delicioso para eles, que comeram até encher a barriga. Logo depois sentiram muito sono, e dormiram profundamente.
Os dois irmãos acordaram, e foi então que descobriram o que havia acontecido. João estava preso dentro de uma grande gaiola, e Maria não pôde sair para pedir ajuda, pois a porta da casa estava trancada. A bruxa havia aprisionado os dois irmãos lá, para comê-los!
— Menina, levante logo! — gritou a bruxa com Maria. — Vá preparar algo para seu irmão comer, porque ele precisa engordar. Aí sim será uma bela refeição para mim!
Os dois irmãos passaram dias muito difíceis. Porém não havia muito o que fazer, já que estavam presos e a menina tinha que servir à bruxa, trabalhando o dia todo. Aos poucos a menina percebeu que a velha não enxergava bem, e deu uma ideia ao irmão:
— João, sempre que a bruxa pedir para ver seu dedinho, deixe que ela pegue esse ossinho — a garota disse, dando-lhe um osso de frango. — Assim ela achará que você continua magrinho.
O garoto fez exatamente o que a irmã sugeriu, e os dois passaram semanas enganando a bruxa. Até que a velha perdeu a paciência, e decidiu comer João daquele jeito mesmo.
— Menina, encha o caldeirão com água e bote para ferver! — ela ordenou a Maria. — É hoje que seu irmão será meu jantar. E acenda também o forno, pois vou assar alguns pães.
Maria fez o que a bruxa tinha mandado: ferveu a água e acendeu o forno. Foi quando a bruxa falou:
— Entre no forno e veja se já está quente.
Maria, que já conhecia as maldades da bruxa, desconfiou da velha. E percebeu que, na verdade, ela queria trancar Maria lá dentro, para comê-la também.
— Não sei entrar, como devo fazer? — a garota disse, com a voz ingênua.
— Ah, garota burra! Vou te mostrar como se faz — a bruxa respondeu, colocando a cabeça dentro do forno.
Vupt! Mais do que depressa, Maria empurrou a bruxa para dentro do forno, trancando-a lá dentro. Então a garota pegou a chave da gaiola, e libertou João.
Os dois irmãos festejaram a morte da bruxa, e resolveram voltar para casa. Mas antes encheram os bolsos com pedrinhas coloridas, que encontraram na casa da bruxa. Eles não sabiam, mas eram pedras preciosas que valiam muito!
Os garotos deixaram a casa da bruxa, e caminharam, caminharam, caminharam. Chegaram a um rio, onde tiveram a ajuda de uma grande pata para atravessar. A ave, muito bondosa, colocou os dois em suas costas, e deslizou até a outra margem, onde desceram.
Ali a floresta era familiar. João e Maria reconheceram as árvores, e logo conseguiram chegar em sua casa. Lá o pai os recebeu feliz e muito arrependido. Durante o tempo que ficaram longe, ele não havia se perdoada por ter abandonado os filhos.
Para alegria de todos, a madrasta má havia morrido. E a família nunca mais passou necessidade, porque as joias que os irmãos trazido garantiram que nunca mais faltasse comida.
Foi assim que terminou a história de João e Maria.
Livros de João e Maria para conhecer
Uma das formas mais bacana de contar a história de João e Maria para as crianças é por meio de um livro interativo. Os pequenos adoram abrir janelinhas das páginas e encontrar surpresas, como os detalhes da casa de doces. Especialmente para os pequeninos de 2 a 4 anos esse é um recurso muito divertido, que você encontra nesse livro aqui.
Já se você é professor ou professora e gostaria de conhecer muitas histórias escritas pelos irmãos Grimm (entre elas essa, de João e Maria), recomendo esse livro, que traz 800 páginas de fábulas para contar às crianças.
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